sábado, 27 de março de 2010

Trêm das onze


"Moro em Jaçanã,
Se eu perder esse trem
Que sai agora as onze horas
Só amanhã de manhã”



Quem depende de transporte público para voltar pra casa tarde da noite provavelmente se identificaria com esse trechinho cantado por Adoniran Barbosa. Mas enquanto o compositor o dirigia à amada, eu me aproprio apenas para ilustrar meu assunto de hoje: os horários das partidas de futebol.

A Câmara Municipal de São Paulo aprovou um projeto de lei estabelecendo que os jogos não pudessem ultrapassar as 23:15 na capital, sob pena de multa.

Para os autores da lei, os vereadores Antônio Goulart e Agnaldo Timóteo, isso melhoraria a vida dos cidadãos e permitiria que idosos e crianças também acompanhassem os jogos. Ernesto Teixeira complementa mencionando a falta de segurança e a precariedade de transporte público quando as partidas terminam tarde. Além disso, acredita que o transtorno causado aos moradores das proximidades poderia ser atenuado com a alteração nos horários.

Quando a Rede Globo noticiou esses fatos, colocou o seguinte questionamento: por que não tomar providências para melhorar transporte e segurança, ao invés de mudar o horário dos jogos? Faz sentido. Além disso, partidas que se iniciam mais tarde têm um número de espectadores consideravelmente maior: vantagem para os torcedores, que conseguem assistir aos jogos mesmo saindo tarde do trabalho e vantagem para os clubes, que obtêm renda maior.

No entanto, há alegações de que o motivo para a oposição à lei resume-se ao fato de que a alteração no horário atrapalharia as transmissões na TV. Muitas têm sido as manifestações favoráveis ao projeto de lei.

E você, o que acha? Jogos que têm início mais tarde são uma vantagem para o torcedor que consegue chegar a tempo de assisti-los ou são uma desvantagem para os espectadores que, mesmo em casa, não têm condições de acompanhar as partidas? Os argumentos expostos na TV representam uma real preocupação com a necessidade de se repensar o sistema de segurança e transporte público ou traduzem simplesmente o interesse de que haja audiência para as transmissões, sem mudanças na grade?